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publicado às 15:39

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Amanhã é dia de Halloween e, mal se aproxima esta data, os miudos só me falam disso. Uma tradição britânica que eles cresceram a ver nos filmes e a ler nos livros e que cá já se vai vendo um pouco. Fazem-me muitas perguntas. Às vezes acho que eles pensam que eu vivi ou nasci lá. Acham que conheço todos os detalhes e todos os lugares. Pedem-me também desenhos, sopas de letras, palavras cruzadas. Pois bem, hoje tinha umas horas livres e fiz-lhes a vontade. Depois de fazerem os trabalhos de casa, lá os deixei pintar os desenhos e fazer recortes de morcegos, gatos e fatasmas que eu ia desenhando numa cartolina preta. A seguir, cortesia deste tempo doido, deixámos que viessem para o jardim brincar. Com o inverno a chegar, essa possibilidade vai ser cada vez menor e, nestas idades, brincar também é importante. No fim, colámos os desenhos e os recortes na parede. 

 

São miúdos que passam muito tempo ali connosco. Estudam e fazem os trabalhos da escola, mas trazem outras dúvidas e perguntas. Contam pequenos detalhes das  suas vidas. Colocam-me os seus pequenos dramas, como se é normal ter medo de andar de avião ou o que responder ao colega de carteira chato. Também fazem perguntas sobre mim: onde moro, se tenho namorado e, muito frequentemente, se quero ir viver para Inglaterra. Às vezes, sobretudo as meninas, pedem para se sentar no meu colo. Alguns têm vidas complicadas, mas ali a correrem, todos misturados, às gargalhadas... acho que, quando forem grandes, se vão recordar destes momentos como um pedaço de uma infância feliz.

publicado às 19:58

Graças aos destaques do Sapo, encontrei este texto. Gostei bastante e mexeu comigo. Aliás, este assunto da adoção mexe sempre comigo! Aqui perto de minha casa há uma instituição que acolhe crianças orfãs até que, esperançosamente, sejam adotadas. Já fui lá algumas vezes, umas no âmbito de iniciativas de associações a que pertencia, outras a titúlo individual. Foi sempre de partir o coração ouvir aquelas histórias tão triste de vidas ainda tão jovens. Vim sempre embora com vontade de trazer um ou dois comigo. Lembro-me que, da primeira vez que lá fui, fiquei verdadeiramente surpreendida com a realidade que encontrei, muito diferente da que fui construindo na minha cabeça ao longo da vida, sobre o que seria um orfanato. É um local com boas condições e as crianças são bem tratadas, mas, mais do que isso, elas verdadeiramente adoram aquelas pessoas, que os tratam com todo o carinho e amor.

 

Gostava de adotar um dia. Digo isso muitas vezes, mas não sei se vou ser capaz. Por motivos muito egoístas, na verdade. O processo de adoção assusta-me muito e só o queria fazer depois de ter um filho biológico pela simples razão que gostava de estar grávida. Ter uma vida a construir-se dentro de mim. Adotar não é uma decisão fácil (nem uma que possa tomar sozinha), mas mesmo perante as dificuldades do processo, lembro-me das crianças que conheci naquela casa. Mesmo sendo bem tratadas e acarinhas, o que mais queriam era uma família. E eu sei que isso não se baseia em laços de sangue e sim em laços de amor.

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publicado às 19:34

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Em Melila, enclave espanhol no norte de Marrocos, imigrantes africanos observam os golfistas do topo da vedação que separa dois mundos bem diferentes. O seu objetivo é entrar na Europa.

publicado às 21:25

Destaques

28.10.14

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Na página inicial do Sapo Blogs, como habitual, há um texto em grande destaque. O de hoje é do Mar Português. Obrigada, Sapinho! Pelo destaque do blogue e de um texto meu, mas sobretudo do património nacional. O país azul, aqui.

publicado às 15:16

Na semana passada, soube, assim em menos de vinte e quatro horas, de coisas que aconteceram na Rússia e só na Rússia.

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Um condutor de limpa neves bêbado causou o acidente de um jato privado. Infelizmente, houveram vítimas mortais.

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Da autoria de artistas anónimos, os 12 trabalhos de Putin encontram-se em exposição em Moscovo e foram concebidos como um presente de aniversário para o Presidente. A exposição retrata as lutas que Putin travou e ainda trava para engrandecer a Rússia. Nesta peça, luta contra as restrições impostas pelos seus inimigos - Estados Unidos, Canadá, Japão e União Europeia - em virtude da atuação russa na questão da Ucrânia. 

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Em apenas um dia, este anúncio de uma agência publicitária, colocado em trinta veículos que circulavam por Moscovo, causou mais de quinhentos acidentes.

 

É parar de beber vodka, sim?

publicado às 20:15

Ontem ao início da tarde. A minha mãe deixa-me no trabalho. Estou a sair do carro enquanto ela me vai dando recados para o resto do dia. É brutalmente interrompida por uma série de gritos enquanto eu sou abalrroada e por pouco não me desiquilibro. Vejo umas quantas cabeças pequenas, sinto braços à minha volta e ouço toda uma gritaria da qual a única palavra que distingo é 'parabéns'.

 

É mesmo bom trabalhar com crianças.

 

publicado às 09:57

Presentes :)

24.10.14

Alguns ainda vão levar um tempo a serem usados, outros dão para agora. Alguns já sabia, outros suspeitava e houve aquela grande surpresa em forma de chávenas. Adoro todos! Sobretudo a família e o namorado.

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 Obrigada! 

publicado às 23:39

O país azul

24.10.14

Nunca tinha pensado em Portugal assim, mas gosto. Mais que isso, faz sentido. Esta semana, o New York Times nomeou os azulejos portugueses como um dos 12 tesouros da Europa. Adoro ver o património nacional reconhecido, ainda para mais da forma tão romântica como a publicação nova iorquina o faz:

Haverá um país mais azul que Portugal? O céu azul e o Oceano Atlântico abraçam a terra. Os humores azuis* do Fado, a música melancólica, forma a banda sonora nacional. E por todo o Portugal, os típicos azulejos ajuis encontram-se em igreja, mosteiros, castelos, palácios, universidades, parques, estações de comboios, halls de hoteis e fachadas de apartamentos.

 

Pensando nisso, é realmente fácil encontrar azulejos portugueses pelo país fora:

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 Capela das Almas, no Porto.

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Fachada da Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego, em Lisboa.

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 Jardins do Palácio Marquês da Fronteira, em Lisboa.

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Átrio da Estação de São Bento, no Porto.

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Sala dos Brasões, Palácio Nacional de Sintra.

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 Interior da Igreja de São Lourenço, em Almancil.

 

E, um dia, quem sabe, na cozinha lá de casa:

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*No original blue moods, uma vez que o azul é, na língua inglesa, associado à melancolia.

publicado às 09:40

Quando escrevi este post sobre a exploração de crianças por uma marca multinacional, referi num dos comentários que acordei recentemente para essa realidade graças a uma fotorreportagem que mudou a minha perspetiva e, em certa medida, até os meus hábitos de consumo. Michael Wolf, um fotógrafo alemão, há cerca de dois anos, realizou uma visita a cinco fábricas de brinquedos na China com o objetivo de documentar as condições de trabalho dos seus trabalhadores. As fotos foram expostas na Califórnia, num espaço cujas paredes se encontravam forradas de brinquedos.

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As imagens não são tão chocantes como se estaria à espera. O que mais choca é a história por trás dessas imagens. Da China sai cerca de 75% da produção mundial de brinquedos. A maioria dos seus trabalhadores vem de pequenas aldeias rurais. Na China isso significa, de acordo com a lei restritiva da migração – hukou – que não foi alterada com a transição para uma economia de mercado, que os direitos sociais estão ligados ao local de nascimento, ou seja, são perdidos com a deslocação para as grandes cidades. Como é natural, os trabalhadores fazem isto à procura de melhores condições de vida. Não é isso que encontram! São alojados em dormitórios sobrelotados, onde muitas vezes há apenas uma casa de banho para cada 50 pessoas. A jornada de trabalho é longa, monótona e perigosa (só em 2009 foram contabilizados cerca de 1 milhão de acidentes industriais em fábricas chinesas). Os trabalhadores não estão protegidos contra os perigos dos materiais que manuseiam e não têm formação adequada. O tempo de almoço é de apenas 30 minutos e existem duas a três assembleias de trabalhadores obrigatórias todos os dias e que não são contabilizadas no horário de trabalho. Não há contratos, nem lhes são assegurados direitos laborais básicos. Por exemplo, às mulheres não é dada licença de maternidade, não há lugar a remuneração em caso de baixa médica e a limpeza é feita pelos próprios trabalhadores como medida disciplinar. Não podem falar uns com os outros e muitas vezes adormecem nas curtas pausas que têm. Acresce ainda o facto de serem mal pagos e fazerem horas extraordinárias que chegam a dobrar o horário de trabalho, esforço esse que não se reflete no pagamento. A administração das fábricas não está minimamente preocupada com os trabalhadores, que por seu lado não conhecem os seus direitos e acreditam mesmo que estão a trabalhar por um futuro melhor. O governo fecha os olhos.

 

E ficamos assim! Só com imagens e factos gerais e sem considerações pessoais. Para quem quiser conhecer melhor a vida destes trabalhadores enquanto fazem os brinquedos do mundo, que provavelmente nunca conseguirão adquirir, pode ver a fotorreportagem completa aqui.

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publicado às 19:51

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Joana

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Neste mar

Sobre tudo e sobre nada. História e política. Brincadeiras e aventuras. Literatura e cinema. Trivialidades e assuntos sérios. Arte e lusofonia. Dia-a-dia e intemporalidade. E, claro, um blogue com sotaque do norte.