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Esta altura das festas é sempre complicada para mim - é muito bolo para fazer, caramba! - e não tenho conseguido postar, comentar, nem sequer acabar a minha versão de "O Melhor de 2014" (coisa que pretendo fazer nos próximos dias ainda que o ano emcausa já tenha acabado. Mas daqui a umas horas já está a aí 2015 e eu dei aqui um saltinho enquanto tenho uma tarte no forno apara desejar a todos os meus leitores um ano cheio de coisas boas, em que consigam, se não realizar, pelo menos avançar mais na direção dos vossos sonhos.
Não sou muito nostálgica quanto a este dia ou a esta noite. A verdade é que a vida não vai mudar num minuto, mas parar para pensar e reorganizar os nossos objetivos é o que esta altura parece proporcionar a todos e isso é sempre importante. Criar (e manter) este blogue era uma das coisas que prometi fazer há um ano atrás e agora está aqui. Nem sempre consegui escrever tanto como eu queria, não tem conteúdos leves (que, tenho percebido, são os que passam melhor) e, sim, gostava que tivesse mais leitores, mas está aqui. Existe e é meu e não vai lado algum. É isso que em 2015 vou garantidamente fazer: continuar este blogue. Portanto, qualquer coisa, já sabem onde podem encontrar-me, mesmo que o ano mude.
Obrigada a todos os que estiveram desse lado desde 26 de junho de 2014. Feliz ano a todos e sejam felizes!
Após prolongada ausência para comer os chocolates que recebi no Natal (a minha dieta começa no ano novo, portanto, não dá para facilitar), volto com "O Melhor de 2014 - séries".
Quase nem valia a pena escrever este post. Bastava remeter para este sobre os Emmys. Vou então começar por fazer batota e escolher duas séries, uma de comédia e outra de drama. As escolhas são óbvias e clichés: A Teoria do Big Bang e Breaking Bad. A primeira é, de muito longe, a minha comédia atual favorita e não percebo como nunca ganou o Emmy ou o Globo de Ouro de Melhor Série de Comédia. A minha segunda escolha é ainda menos original: o final de uma aclamada série de culto, por muitos considerada a melhor série de sempre. Os motivos destas escolhas são comuns: o argumento, o elenco e a direção. Mas a escolha final terá que ser Breaking Bad. Tem um ponto extra com a sua brilhante fotografia, traz a vantagem de retratar a terrível realidade do mundo da droga e soube encontrar o seu fim. É que eu tenho esta teoria que uma boa série sabe quando deve terminar e acho que Breaking Bad soube fazê-lo numa perfeição que levará a série a ser vista por longos e bons anos.
A quem nunca viu (há alguém?), vejam e tentem não engolir todas as temporadas de rajada. Desafio-vos.
Andava eu aqui à procura da imagem mais bonita de Natal, quando me lembrei que a tinha tirado eu própria e estava algures no meu telemóvel:
Fui fazendo com as minhas pataniscas e acho que são a melhor forma de ilustrar o desejo de um feliz Natal para todos, com aquilo que verdadeiramente importa e que não tem nada a ver com rabanadas ou presentes. Oxalá todos pudéssemos ter um Natal assim.
A missa do galo é a primieira missa do Natal, que começa à meia-noite do dia 25 de dezembro. O nome deriva da história que um galo, a essa hora, teria cantado fortemente para anunciar a vinda do Messias.
Até começar a namorar com o E. nunca tinha ido à missa do galo. Afinal, ninguém ia na minha família e eu não ia pôr-me à meia-noite a andar sozinha para uma qualquer igreja. Sei que nem todas as paróquias a celebram, mas na paróquia da terra do E. sim. Ele contou-me que o pai durante muitos anos foi a essa missa, mas que ele costumava ir antes à missa que se celebra a meio da tarde. Felicidades da vida, a casa da minha avó, onde passo o Natal, é na localidade ao lado da do E. e, no nosso segundo Natal juntos, lá o convenci. Tornámos a ir no ano passado e, em princípio, hoje iremos de novo. Não sei explicar o porquê de preferir ir à missa do galo, afinal é igual à missa do dia. Inicialmente, acho que era curiosidade, mas gosto de pensar que é a nossa primeira tradição juntos, mesmo antes de sermos uma família.
A pedido de várias famílias, estou a brincar, na verdade foi das meninas dos blogues A Framboesa, A Míúda, BlogdeALGo, Fluffyland e Sofia Margarida, estão as respostas ao desafio de Natal. Muito obrigada a todas por se lembrarem aqui do meu cantinho. Não vou nomear porque, basicamente, já foram todos nomeados. Ora cá vai disto:
Árvore de natal artificial ou natural?
Artificial. Para além dos benefícios ambientais e da comodidade, estou habituada a isso desde miúda.
Natal com neve ou sol?
Neve, mas como nos postais, nada dessas coisas de nevões que deixam a malta presa em casa e a proteção civil em alerta. E só para ver como é, porque Natais com sol, felizmente, já tive muitos.
Esperar pela manhã ou abrir os presentes à meia-noite?
Resposta pouco ortodoxa: antes da meia-noite na casa da minha avó. Sei que não é a tradição, mas, francamente, ninguém atura os miúdos. Temos uma regra: eles jantam, abrem as prendas e depois deixam-nos jantar a nós. Em minha casa abrimos depois da meia-noite, pelo simples facto que chegamos a casa depois dessa hora. Mas, quando tiver a minha casa, acho que vou esperar pela manhã.
Qual o filme que adora ver nesta altura?
Ena pá, sei lá! O Harry Potter? Dá sempre nesta altura! Não tenho preferência específica. Quando era mais pequena, adorava ver o Sozinho em Casa.
Cânticos de natal nos shoppings.
Sim! E nas ruas e em todo o lado!
Qual o uniforme que usa no dia de natal? Pijama ou veste toda bonita?
Normal. Tento estar confortável porque passo muitas horas de um lado para o outro. Nada de saltos altos, mas costumo maquilhar-me, o que em mim é coisa rara.
Qual a sua comida de natal favorita?
As rabanadas de mel da minha mãe. De preferência, a sair da frigideira.
O que quer receber este natal?
Nem sei! Há sempre coisas que queremos, mas acho que, pela primeira vez, não há nada que queira assim tanto que me deixe desiludida se não o tiver. Mas, livros e jóias são sempre os meus favoritos. Ah, e carteiras!
Planeia antecipadamente os presentes ou é à última hora?
Planeio muito antecipadamente. O problema está mesmo na execução.
Veste de Pai Natal?
Não, nem tenho vocação para isso. Uma vez, uma das minhas tias fê-lo e os miúdos adoraram, mas ela tinha um jeitaço.
Qual a sua música favorita do Natal?
Sei que é um cliché, mas a minha favorita é Have Yourself a Merry Little Christmas. Se bem que a música do Rodolfo também me diz qualquer coisa. Deve ser a tal parte que nunca deixa de ser criança.
Onde vai passar o Natal este ano?
A noite da consoada, no sítio de sempre, em casa da minha avó materna. A noite de Natal, bem, estamos a começar a nossa própria tradição e vai ser cá em casa.
Feliz Natal para todos aí desse lado!
Sei que estas coisas variam mediante as zonas do país, mas a tradição natalícia no que toca aos pratos mantém-se na minha família desde que me lembro. A sopa é sempre canja, que não há canja como a da minha avó. Para sobremesa, tende a haver sempre um bolo de chocolate por causa dos miúdos, o resto depende, mas nunca falham as rabanadas e o pudim, que não há pudim como o da minha avó. Por mim, também havia sempre leite creme, que não há leite creme como o da minha avó, só que, pronto, não estamos todos de acordo. Em regra, temos dois pratos principais. Um de carne, normalmente assado, mas até aqui é tudo negociável (exceto, talvez, a canja, que acho que as minhas primitas já nem queriam as prendas se não houvesse canja), agora o que não pode faltar é o típico bacalhau cozido com batatas e couve, também chamado de caldeirada ou bacalhau com todos e que eu detesto. O que vale é que não há caldeirada como a da minha avó.
Hoje vou fazer uma coisa que nunca fiz: partilhar na íntegra o conteúdo de outro blogue. Também não vou explicar. Depois de o lerem, não será preciso.
Este ano o filho não pode vir. Por causa do trabalho, como disse ao telefone já há um par de semanas, da última vez que lhe ligou para saber como estava de saúde. Ajeitou novamente o lume, com os cepos que lhe restavam da última volta que deu no pinhal ao pé de casa. Estava muito frio para voltar lá agora. E o filho do Cristovão que às vezes trazia lenha também para ele, já não visitava os pais também fazia uns meses - as viagens à terra estão cada vez mais caras.
A televisão estava desligada. O Natal dos Hospitais já não tinha ninguém que conhecesse e também já não tinha a sua Lucinda ao lado a dar-lhe cotoveladas para reparar no vestido desta e daquela cantora. Há tempo demais que ninguém lhe dava uma cotovelada.
Quase podia ouvir ainda a chaleira a chiar e ela ainda tão novinha a perguntar ao pai se também aceitava uma chávena. O sr.Aníbal da drogaria mandara-o entregar uns cartuchos para a caça lá em casa do Doutor. O Doutor recebeu-o com um sorriso e chamou a Lucinda, a filha, para fazer um chá ao rapaz, que era ele. E ele viu-a e soube com a certeza dos loucos: havia de casar com ela. Havia de passar com ela o resto dos seus dias - cotoveladas e tudo. Não fosse a vida ter-lhe pregado a rasteira de a levar tão cedo, cedo demais. Quase sentia o aroma do chá de limão, que ela lhe preparava sempre.- Sr.José, o seu chá está pronto.
A senhora da bata azul passou pela porta e interrompeu-lhe os pensamentos. Pousou o chá na mesinha ao lado dele. Que estava aquela jovem ali a fazer?
Às vezes baralhava-se. Perdia a noção por um segundo. A "jovem" era uma senhora nos seus avançados cinquentas, que trabalhava para a associação local. O filho pagava a mensalidade que lhe dava direito às refeições, às limpezas, enfim, aos cuidados que podem ser os estranhos a dar.- Deixei-lhe tudo pronto e acrescentei umas rabanadas ao menu do costume. Não se esqueça que amanhã não passa cá ninguém. Se precisar de alguma coisa tem o nosso número ao pé do telefone. Boas festas.
Ligou a televisão sem ele pedir. E pregou-lhe um beijo na testa antes de sair. O atrevimento! A Lucinda haveria de lhe contar das boas, se pudesse ver aquilo.
Olhou pela janela e viu a moça a afastar-se. Ao longe casas iluminadas, mais do que o costume. Lembrou-se. Era Natal. Contava oitenta e três Natais. E, sozinho em casa, pedia a Deus que não tivesse de contar mais nenhum.Fala-se em Sozinho em Casa no Natal e todos temos a imagem do Macaulay Culkin e dos bandidos trapalhões na cabeça. E esquecemo-nos de desejar que fosse esse o único "sozinho em casa" associado a esta quadra. O único filme muito visto. Partilhem. Pode ser que toque a consciência de alguém que possa fazer a diferença.