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Só pelo título, já dá para ver que não estou a falar literalmente deste verão. No outro dia, disse aqui que não sou grande fã dos livros de Domingos Amaral e Verão Quente foi o segundo livro que li de deste autor. O primeiro foi Quando Lisboa Tremeu e não gostei nem um bocadinho. A linguagem é básica, há incongruências na história, a ligação factos-ficção é forçada, as mulheres são retratadas de uma forma pouco digna, a história fictícia é fraca. Aliás, isto de construir heróis byrónicos sólidos não é para qualquer um – é para as Bronte e Hardy e pouco mais.
Ainda assim, sou da opinião que se deve sempre dar uma outra oportunidade a um autor, quer se goste ou não do livro. Por isso, resolvi ler Verão Quente, ambientado em 1975, com Portugal em pleno processo revolucionário. Total desilusão! Neste, à semelhança do anterior, achei a história fraca, o desfecho idiota face às possibilidades que o PREC abre e a escrita deixa muito a desejar. Por último, o que mais me chocou neste livro foi a linguagem obscena, sem sentido ou enquadramento algum, muito pouco própria do género e, mais uma vez, a forma irrealista, preconceituosa e machista como as mulheres são apresentadas, sobretudo em contraste com as personagens masculinas. Já vendeu milhares. É um livro de massas. Infelizmente.
E, só para esta minha aventura literária ficar melhor, como é que eu tive contato com este livro em partes capaz de fazer corar o mais libertino dos mortais? Ofereci-o à única pessoa que conheço que gosta mais de romances históricos do que eu: o pai do E. (Senhor E., se algum dia ler isto, eu não sabia.) Cedi ao marketing e aos números de vendas e comprei um livro que não conhecia. Lição aprendida, nunca mais me acontece.